A confissão & A Remissão

 UMA DOR QUE ATRAVESSA AS ENTRANHAS
PRA SER SENTIDA E SOFRIDA EM PALAVRAS
ESSA QUE FAZ PARTE DUM PEDAÇO DE MIM.

É A DOR DE QUEM SE CALOU AO VÊ-LA NUA
SOZINHA ENTRE OS ESCOMBROS E RESTOS
ATÉ O POUSO NA MACA DOS CORREDORES…

A DOR DO PROFESSOR NO SANGUE DO DOUTOR
NO ALTO DAS SUAS ESPECIALIDADES INÚTEIS
TAL COMO O PUS IMPREGNADO NAS FERIDAS.

É UMA DOR ENTRE SOLUÇOS QUE NADA MIRA
PORQUE PERCEBE O QUE SABE LONGE DO REAL
E NASCE AO CONTRÁRIO QUE NEM ESTAMIRA.

ASSIM SE ACHA A VERDADE QUE SE CATA NO LIXO
NO DESPERDÍCIO DE GENTE ESTROPIADA NA RUA :
– SE TÁ TUDO BEM, ONDE DÓI NO DIACHO DO BICHO ?

ESSE BICHO QUE CADA UM DE NÓS TEM NA CARNE
QUANDO A GENTE É SINCERO COM O QUE SENTE
PULSA E SUSSURA – INQUIETA-SE – GEME E ARDE.

TAMANHA DOR LATENTE TODOS QUEREM DOMINAR
DOMAR SEUS “TROCADILHOS” E OS DEDOS DE DEUS
TORNAR-SE MELHOR PRA SI E SUPERAR-SE EM ARTE.

QUAL TÉCNICA PODE MANIPULAR O IMPREVISÍVEL ?
QUE HÁ DE PERMITIR A IGUALDADE ENTRE HUMANOS
SE MAL ACEITA-SE DIFERENÇAS, AS PERDAS E DANOS ?

VEM A QUIETUDE A VOCIFERAR EM NOSSA MEMÓRIA
NO CANTO DE UMA LOA À ALMA DAQUELA SENHORA –
ESTEJA ONDE ESTIVER, ELA VEM A RIR DA HISTÓRIA.

AQUELA QUE SE CONTA, DOS HOSPÍCIOS AOS PRECIPÍCIOS
COM DIREITO AOS CRUÉIS EMBATES DOS CATEDRÁTICOS ANTE
 A NUDEZ INVIOLÁVEL DO SOFRIMENTO DOS ABANDONADOS.

ESTAMOS TODOS NO MEIO DO NEGRUME DESSA HISTÓRIA 
E NELA CAEM ESTAMIRAs, CARRANOs E BISPOs DO ROSÁRIO.
DE ONDE VIRÃO FORÇAS PRA SEGUIR NOSSO PASSO DIÁRIO ?

DA REALIZAÇÃO DE CONFERÊNCIAS E DE SUA UTILIDADE…
DOS PRAZERES QUE SÃO VISTOS EM ROSTOS ESTRANHOS…
DO AMOR À ESSA PELEJA ESCRITA EM NOME DA LIBERDADE.

 Sérgio Pinho

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