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O Coletivo Carnavalesco “Tá Pirando, Pirado, Pirou!” vem agregando um número crescente de usuários, familiares, técnicos e voluntários de diversas áreas de atuação desde sua fundação, no final de 2004. Tem o propósito de integrar as artes carnavalescas e a saúde mental a partir do campo da Reforma Psiquiátrica, aliando-se à cultura e à arte com o intuito de criar estratégias potentes para a construção de um novo lugar na sociedade para as pessoas em sofrimento psíquico.

O Coletivo Carnavalesco Tá Pirando, Pirado, Pirou! é um projeto cujo processo de trabalho que se situa na interface saúde mental/cultura através do desenvolvimento de atividades de arte voltadas para o festejo popular, tendo o carnaval como principal via de expressão, de inclusão social e de exercício da cidadania.

Em seu oitavo desfile, o Coletivo Carnavalesco Tá Pirando, Pirado, Pirou! apresenta o tema “Pirou a Nave Mãe, Virou Balaio de Gato”, que pretende problematizar a tecnologia cada vez mais avançada da qual o ser humano se tornou dependente e toda a confusão que pode ser gerada por conta disso. Esse enredo propõe que o Carnaval seja um dos remédios e um sinal de alerta para que a nossa nave mãe possa viajar pelo universo com segurança.

Samba 2012

compositores: Roni Valk e Bisqui da Fatinha

Nossa nave espacial (nave especial!)
Pirada com tanta confusão
Tem geleira que derrete
Tem ganância, tem a fome
Quanta discriminação (Tá Pirando é opção)
E na teia virtual
Quem se embaraça vai pro beleléu
(Olha o control + alt + del!)
A solução ideal não vai cair do céu

Do universo somos um grão de areia
Nem por isso minha veia
é despejo de injeção

O Tá Pirando é remédio genial
Da nação pede atenção
Para a Saúde Mental
Se não cuidar da nave mãe
Se cuida, meu irmão!
Que ela segue em frente
O pepino é da tripulação

O processo de revisão do mais influente manual de psiquiatria do mundo ganhou contornos de guerra nos últimos meses.

Abrindo a possibilidade de que pessoas consideradas saudáveis passem a ser classificadas como portadores de transtornos mentais, a obra despertou a ira de psicólogos, que já recolheram 11 mil assinaturas em uma petição contra as mudanças.

Propostas de mudança no manual são inconsequentes, diz ex-editor

Psicólogos brasileiros devem aderir ao movimento, que começa a ganhar apoio de psiquiatras proeminentes.

O DSM (Manual de Diagnósticos e Estatísticas) da Associação Americana de Psiquiatria é referência para tratamento e cobertura das doenças pelos planos de saúde.

Entre as principais preocupações está o relaxamento dos critérios para que pessoas se encaixem como portadores de problemas como depressão, esquizofrenia e ansiedade.

Isso abre a possibilidade para que mais gente seja medicada e exposta a efeitos colaterais. Antidepressivos, por exemplo, podem causar redução do desejo sexual e problemas de sono.

“Há um retrocesso. Eles estão aumentando a patologização de situações comuns na vida das pessoas, como o luto”, afirma Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia.

A atual versão do manual exclui do diagnóstico de depressão quem está em luto por até dois meses, considerando que a tristeza é uma reação normal. A proposta é abandonar a exclusão.

“O luto é uma condição da vida, não uma doença. Não precisa ser ‘medicalizado'”, afirma Theodor Lowenkron, professor de psiquiatria da UFRJ e membro do departamento de diagnóstico e classificação da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Para ele, o avanço da neurociência e a pressão da indústria farmacêutica têm levado à priorização do tratamento com remédios em vez das terapias psicossociais.

Ele considera importante, porém, a inclusão no novo manual de alguns transtornos que não tinham uma categoria própria, como a compulsão alimentar. “Encontramos esses casos com frequência na prática clínica.”

Os psiquiatras americanos responsáveis pelo novo manual afirmam que os novos diagnósticos não vão mudar a incidência das doenças que já existem.

Quanto aos novos transtornos incluídos no manual, dizem eles, muitos seriam só diagnósticos mais adequados para casos hoje enquadrados em outras categorias.

O psiquiatra Cláudio Banzato, professor da Unicamp, diz que há uma expectativa exagerada em relação ao DSM. “Tomá-lo como ‘livro de receita’ que pode ser empregado de forma ingênua e irrefletida é um erro grave.”

Segundo ele, nesse embate, há bons argumentos dos dois lados. “Deve haver preocupação tanto com a medicalização excessiva e o tratamento desnecessário como com a falta de diagnósticos.”

A versão final do novo manual deve estar pronta em maio do ano que vem.

Arte/Folhapress

 

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

RAFAEL GARCIA
DE WASHNGTON

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1043956-novo-manual-de-diagnostico-causa-guerra-na-psiquiatria.shtml

“a minha alucinação é suportar o dia-a-dia
e meu delírio é a experiência com coisas reais…”

(Belchior)

O que quer dizer instituição? Ele não sabia dar uma resposta…

[…] e olhando-me respondeu: – ‘A instituição é… olhando

em volta… essa, indicando-me com as mãos’. […] E assim,

eu tive a iluminação com a qual compreendi que a instituição,

naquele momento, éramos nós dois, lá, naquele lugar

que era o manicômio e, portanto, eu comecei a entender que

todos os discursos que nós fazíamos, naquele momento,

eram discursos que abriam ou fechavam essa instituição que

éramos nós dois

(FRANCO BASAGLIA, 1983).

 

Mais informações: http://www.congresso2012.abrasme.org.br/

De acordo com a prefeitura, o número de internações psiquiátricas em gestão municipal na capital caiu de 11.289 para 4.112

Publicado em 21/01/2012, às 10h22

A Secretaria de Saúde do Recife oficializou este mês o fim das atividades de mais um manicômio na cidade. Os 352 leitos do Hospital Psiquiátrico de Pernambuco (HPP), em Boa Viagem, Zona Sul, foram fechados ao longo do ano passado. De acordo com a prefeitura, o número de internações psiquiátricas em gestão municipal na capital caiu de 11.289 para 4.112.

O secretário Gustavo Couto explicou, ontem, que a rede substitutiva, em adequação à reforma psiquiátrica, foi ampliada para atender à necessidade. A rede conveniada sob gestão do município ainda tem 443 leitos.

Para este ano, Couto anuncia quatro Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para transtorno mental funcionando 24 horas, três a oito novas residências terapêuticas, além da criação de quatro consultórios de rua para dependentes químicos e quatro novos albergues terapêuticos. “Também discutimos com o Ministério da Saúde a implantação de residência terapêutica com cuidados intensivos para pacientes mais complexos”, afirma.

Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/noticia/2012/01/21/mais-um-manicomio-e-fechado-no-recife-29346.php

A tal política de combate ao crack pela “dor e sofrimento”, inaugurada pelo governo do Estado de São Paulo (aparentemente de forma coordenada com a prefeitura paulista), é mais um capítulo da política higienista que foi a marca dos governos José Serra e Gilberto Kassab na prefeitura da capital, nos últimos quase oito anos.

Por qualquer ângulo que se analise, a tal política de combate ao crack pela “dor e sofrimento”, inaugurada pelo governo do Estado de São Paulo (aparentemente de forma coordenada com a prefeitura paulista), é mais um capítulo da política higienista que foi a marca dos governos José Serra e Gilberto Kassab na prefeitura da capital, nos últimos quase oito anos; e é mais um episódio da opção preferencial do governador Geraldo Alckmin pelo uso da força policial, a exemplo do que aconteceu nas suas gestões anteriores (2001-2002 e 2003-2006).

A ação policial, enfim reconhecida como fonte de desgaste e abandonada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, não obteve nenhum resultado positivo. Foi simplesmente um ato de truculência. Os dois mandatários, do Estado e da capital, apenas conseguiram reforçar suas imagens de governantes conservadores, com o cerco e a agressão aos dependentes químicos da Cracolância paulistana – a chamada “Operação Centro Legal” -, o presente de Ano Novo da polícia paulista aos maltrapilhos que se aglomeram no centro da cidade para consumir a pedra.

Crianças, jovens e adultos, após o desalojamento e sem opção de moradia, de acesso a assistentes sociais ou a serviços de Saúde, formaram batalhões de zumbis que andavam sem rumo pela cidade. A “dor e o sofrimento”, estratégia de combate à dependência química, não deu sequer a alternativa do tratamento das crises de abstinência, que devem ser avassaladoras em pessoas comprometidas com uma droga como essa: a rede pública não dispunha de vagas para atender qualquer tipo de demanda.

Do ponto de vista de política pública, a Operação Centro Legal foi repressão pura. Como política de assistência social, foi desassistência. E, do lado da Saúde, um reforço à doença. Não existe uma única qualidade na ação policial contra craqueiros, exceto as que dizem respeito aos interesses imobiliários de recuperação da zona central da cidade, o projeto Nova Luz, que derrapa na vizinhança de drogados e favelados. A Polícia tentou eliminar a comunidade de drogados pela força; a Prefeitura teve uma ajudazinha providencial, e quase simultânea à ação policial: o incêndio da Favela do Moínho, nas imediações.

A opção pela truculência no momento em que existe, de fato, uma tentativa de integração de políticas de desenvolvimento social e Saúde, nas três esferas de poder, às quais a ação policial seria apenas complementar, é inexplicável. Uma hipótese pode ser a tentativa do Estado e do Município, que são oposição ao governo federal, de se anteciparem ao programa federal, num ano de eleições municipais. Pelos resultados pífios da ação, imagina-se que nem a elite conservadora da cidade tenha gostado muito do desfile de zumbis do crack pelas zonas mais nobres. A outra é a de que a polícia fugiu ao controle da Secretaria de Segurança Pública e do próprio governador de Estado, e resolveu passear na Cracolância com balas de borracha e bombas de efeito moral por sua conta e risco. Isso não seria nada bom, do ponto de vista das instituições.

A última possibilidade é que se optou por uma política higienista que não pegou bem junto ao eleitorado que será chamado às urnas em outubro, no pior momento do bloco tucano-kassabista no Estado. Pela repercussão e resultados que teve, no mínimo o dono da ideia merece ser demitido. A ação policial apenas pegou mal.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.